terça-feira, 5 de agosto de 2008

Matéria publicada na revista Pátio Lifestyle nº12



Feira das vaidades

Você já se imaginou perseguido por todos os lados, sem privacidade nenhuma e com todos discutindo a sua vida pessoal? Essa é a realidade vivida por celebridades em todo o mundo. A superexposição na mídia já gerou tragédias, como no caso da princesa Diana, que sofreu o acidente causador de sua morte devido à perseguição dos paparazzi. Mesmo assim, continua sendo o sonho de muitos jovens a vida diante de câmeras.
O que gera todo este fascínio pela fama? E quando ela é conseguida, o preço pode não ser alto demais?
Característica da cultura a atual, o culto à celebridade toma dimensões cada vez maiores, que podemos perceber pela proliferação de tablóides, revistas de fofoca e biografias não-autorizadas. Segundo a psicóloga Ariane Santana “ os seres humanos têm a tendência de prestar atenção nos seus semelhantes que obtêm destaque, e atualmente os artistas são considerados mais bem sucedidos socialmente.” Este fenômeno já é até descrito por alguns autores como síndrome do culto de celebridades (Celebrity Worship Syndrome), que prevêem o seu crescimento.
Os artistas, mais que o seu trabalho, vendem um “lifestyle” que é acompanhado de perto por olhos atentos. As pessoas anseiam por vê-los em situações íntimas, por saber de suas relações pessoais e julgam-os com uma voracidade própria dos tempos modernos. O causador deste processo é difícil precisar: o próprio artista, com sua necessidade de mídia, que muitas vezes se expõe propositalmente versus o público, ansioso por consumir pedacinhos da vida alheia.
O resultado deste ciclo vicioso não pode ser boa coisa: casos como o da cantora Britney Spears é de arrepiar até os mais desligados: a ascensão meteórica, fama, dinheiro, a queda impressionante, os problemas pessoais, o descontrole... tudo transmitido quase ao vivo!
O caso Ronaldinho também nos faz pensar: se ele não fosse quem é a repercussão seria a mesma? Ele teria que fornecer satisfação ao povo como o ocorrido? A grande questão é fato de ele ser um atleta (e suas responsabilidades como tal) ou de ser famoso?
Adoramos criar mitos e derrubá-los. Claro, com uma ajudinha da indústria da mídia, que alimenta este comportamento cada vez mais. Sites como o Pop Sugar, de fofocas internacionais, publica fotos e notícias o dia todo, praticamente em tempo real. Revistas de pouca credibilidade fazem qualquer negócio por uma foto e reality shows são uma promessa de fama em tempo recorde.
Entre os estrelados, pelo menos aqui no Brasil, a onda é criar um blog. Sob o pretexto de manter contato com os fãs, acredita-se muito mais em uma jogada de marketing.
Paris Hilton, a socialite que se acredita celebridade, faz de sua própria vida um espetáculo, se submetendo à situações até constrangedoras, como vídeos íntimos veiculados na Net.
Neste permanente show business, os artistas sempre em busca de flashes acabam vítimas de sua própria vaidade e, a audiência, se deleitando com notícias sensacionais padece de sua própria hipocrisia.

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