quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Matéria publicada na revista Pátio Lifestyle nº13


Mundo Moda

A cada estação diferentes peças, cores e modelos são denominados “na última moda”, não raro ouvimos falar em uma “nova tendência” ou em acessório que é o “it” da temporada. Mas afinal quem dita o que vai ou não estar na moda? Quem está no topo desta cadeia que muda com tanta rapidez?

Moda?

Para entendermos quem faz a moda devemos começar sabendo o que ela é. A palavra moda vem do latim modus, que quer dizer maneira, modo. Em inglês, fashion vem da palavra francesa façon, que também significa modo.
Mas quando nos referimos à moda, em geral, estamos nos referindo à indústria do vestuário, ao seu sistema que abrange desde as pesquisas, os desfiles, até o produto final, que vemos exposto nas vitrines.
A moda e a vestimenta definitivamente não são a mesma coisa. A moda não existe desde sempre. Ela aparece no final da Idade Média, pois somente neste momento as mudanças sociais permitem surgir algumas das características fundamentais para a sua existência.
Até então, as linhas gerais das vestimentas duravam centenas de anos e priorizavam a tradição de cada povo, mudando pouquíssimo. Exemplo disso são os trajes dos gregos, dos romanos ou dos egípcios, que se mantiveram dentro de determinados padrões por muitos séculos.
Com o desenvolvimento das sociedades modernas, vem a organização das cidades e a vida nas cortes. Este convívio no espaço urbano faz com que a imagem adquira uma importância grande e a possibilidade de imitação faz com que a endinheirada burguesia queira vestir-se como a nobreza. Estes, não satisfeitos de terem sido copiados começam a mudar constantemente seus modelos. Pronto, a engrenagem já está funcionando.

Mas e hoje?

Atualmente o sistema da moda configura-se de uma maneira totalmente diversa do seu princípio. Mas até então foi um longo caminho.
Durante todo o século XIX e parte do século XX a Alta Costura era o que dominava a moda. Havia os grandes costureiros e suas maisons, onde eram feitas as peças que simbolizavam luxo e sofisticação e que eram copiadas em todo o mundo. Foi a era de ouro de grandes nomes como Madeleine Vionnet, Poiret, Chanel, Dior, entre tantos outros.
A Alta costura se manteve firme até por volta dos anos 60, época em que surge o prêt-à-porter que simboliza uma mudança não só no âmbito da moda mas também de toda a sociedade. Agora, com a produção em série, os criadores passar a produzir roupas, mais voltadas à liberdade, à juventude em oposição à perfeição de “classe” que vigorava até então. Nesta nova arquitetura da moda destacam-se as grandes marcas que sempre lado-a-lado com a publicidade passam a cativar cada vez mais consumidores.
Nos dias de hoje podemos dizer que a moda encontra-se num estágio muito mais democrático que os anteriores. Depois dos ateliês de alta costura e da explosão das marcas a moda não se restringe mais a uma parcela reduzida da população com poder aquisitivo. Ela está nas lojas de departamentos, nas pequenas confecções, nas ruas. Falamos em supermercado de estilos, pois as tendências são diversas, permitindo praticamente tudo. Valoriza-se o individual, o estilo de cada um, a customização. As marcas procuram oferecer produtos individualizados ao seu público.

O ciclo da moda

Quando as marcas e estilistas elaboram suas coleções, já foi realizado um enorme trabalho para isso. São diversas pessoas que estão por traz do que vemos nos desfiles e o que vai para as lojas. Uma coleção não é aleatória ela é fruto de pesquisas tanto do público consumidor de cada marca, quanto das tendências gerais no momento. Estas são descobertas por estudos realizados com anos de antecedência que procuram antecipar os desejos da sociedade. É como se falássemos de um inconsciente coletivo, um “espírito do tempo” que leva ao desejo de determinados modismos. A roupa então, representa o momento cultural vivido.
Vivemos numa civilização das imagens e são elas que inspiram e dão origem às modas. Elas são captadas nas ruas, numa vontade de moda que surge ali, numa maneira de vestir diferente que se mostra. Tudo isso é apropriado pelos estilistas e mixado com referências da história, da arte e da própria história da moda.
É difícil precisar onde surge uma tendência, mas sabemos exatamente como se dá sua disseminação. A imprensa de moda tem papel crucial neste processo. São as editoras das grandes revistas que acabam determinando o que será usado nas próximas estações. Elas elegem as peças mais em voga que, veiculadas em suas publicações, são copiadas, se popularizam até chegarem ao consumo de massa, onde deixam de ser moda.
Exemplo da influência destas poderosas da moda é Anna Wintour, editora-chefe da Vogue América, que inclusive inspirou o livro e posterior filme O diabo veste Prada. A opinião dela é tão importante que pode determinar o sucesso ou fracasso de um estilista.Aqui no Brasil, as celebradas Glória Kalil, Regina Guerreiro, Constanza Pascolato, juntamente com as jornalistas Lílian Pacce e Érika Palomino são presença obrigatória na primeira fila dos desfiles das marcas de maior prestígio.
Mesmo com a internet e a disponibilização da informação de moda, precisamos de um norte. Nem tudo que é proposto na passarela funciona para todo mundo e é preciso também haver a transcrição das múltiplas tendências para o público em geral, afinal moda é para todos!

Nenhum comentário: